post-mangueiras-ABNT

A Norma Brasileira que aborda os aspectos construtivos e de desempenho das mangueiras de combate a incêndio é a norma ABNT NBR 11861.

Cronologicamente podemos dividir a criação desta norma em duas fases:

A primeira fase abrangeu a elaboração do primeiro texto base que foi editado por volta de 1990 sob a especificação EB 2161. Em 1992 essa codificação foi transformada para a Norma NBR 11861, tendo sua validade até setembro de 1998.

Readequando-se às necessidades do mercado, essa norma passou por uma revisão. Sendo esta publicada em outubro de 1998.

Nessa revisão uma das principais mudanças foi a obrigatoriedade, por parte dos fabricantes, em comercializar mangueiras de incêndio com união. Essa mudança causou uma grande evolução para o mercado, principalmente para as duas pontas da cadeia produtiva. Por um lado o fabricante, que ao comercializar o produto com união obteve uma diminuição considerável de reclamações provenientes de clientes que ao utilizar a mangueira, percebia vazamentos próximos a união ou até mesmo desempatamento da mangueira, por outro lado o consumidor, com um ganho de qualidade e uma maior confiabilidade no produto adquirido.

Uma segunda mudança trazida com a revisão da norma foi a inclusão de um ensaio que estabeleceu critérios mínimos de resistência a à abrasão, proporcionando ao produtouma maior durabilidade.

Sendo assim, foi definido como mangueira de incêndio: “Equipamento de combate a incêndio, constituído essencialmente por um duto flexível dotado de uniões.”

Por meio da evolução proporcionada pela revisão de 1998, foi possível estabelecer um processo de certificação sustentável. A partir deste momento, o setor ganhou maior credibilidade, possuindo um produto tecnicamente confiável. Na prática, ofereceu aos consumidores maior confiança no combate aos incêndios.

  1. ESPECIFICAÇÕES DA NORMA NBR 11861

Como foi descrito acima, a norma criou a definição de mangueira como sendo:

“Equipamento de combate a incêndio, constituído essencialmente por um duto flexível dotado de uniões.”
1.1 Identificação na mangueira
Com o objetivo de proporcionar ao usuário maior facilidade na hora de comprar mangueiras de combate a incêndio, essas devem ser identificadas nas duas extremidades com:

  • NOME OU MARCA DO FABRICANTE
  • NÚMERO DA NORMA (NBR 11861)
  • TIPO DE MANGUEIRA
  • MÊS E ANO DE FABRICAÇÃO

É de extrema importância que, ao comprar ou inspecionar mangueiras, o consumidor verifique a presença desta identificação nas duas extremidades.
Cuidado com a marcação indevida.

No momento da inspeção, se for constatada uma identificação em desacordo com estabelecido na norma NBR 11861, o consumidor deve alertar as autoridades competentes, pois esse produto pode ter sofrido adulteração.
Identificação da Marca de conformidade ABNT
Além das especificações estabelecidas na norma, os fabricantes de mangueiras que possuem a MARCA DE CONFORMIDADE ABNT, são obrigados a identificar seus produtos com o selo representativo da marca.
1.2 Especificação e Aplicação Adequadas
A escolha correta do tipo de mangueira garante um desempenho adequado e uma maior durabilidade da mangueira. Essa escolha deve obedecer à alguns critérios tais como, local destinado ao uso da mangueira; pressão máxima de trabalho a que será submetida e as condições de abrasividade.

 

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Tipo 5
Destina-se a edifícios de ocupação residencial, com pressão máxima de trabalho de 980 kPa (10kgf/cm²) Destina-se a edifícios comerciais e industriais ou Corpo de Bombeiros, com pressão máxima de trabalho de 1 370 kPa (14kgf/cm²) Destina-se a área naval e industrial ou Corpo de Bombeiros, onde é desejável uma maior resistência a abrasão e pressão máxima de trabalho de 1 470 kPa (15kgf/cm²) Destina-se a área industrial, onde é desejável uma maior resistência a abrasão e pressão máxima de trabalho de 1 370 kPa (14kgf/cm²) Destina-se a área industrial, onde é desejável uma maior resistência a abrasão e a superfícies quentes pressão máxima de trabalho de 1 370 kPa (14kgf/cm²)

Em vários locais, principalmente em áreas comerciais, tem sido verificada a especificação incorreta do produto, ou seja, mangueira Tipo 1 em local onde deveria ser instalada mangueira Tipo 2.

Na figura abaixo podemos perceber claramente o que acontece com uma mangueira predial (tipo 1) quando essa é submetida aos critérios de ensaio de abrasão da mangueira tipo 2.

Os fabricantes detentores da Marca de Conformidade ABNT têm investido substancialmente no aprimoramento do departamento comercial, para que os erros cometidos pelos clientes, ao especificarem o tipo de mangueira que necessitam adquirir, não mais ocorram.
1.3 Confiança no produto adquirido
A Norma NBR 11861 estabelece 19 ensaios. Esses ensaios conferem às mangueiras fabricadas no Brasil, o título de umas das melhores do mundo.

– Ensaio Hidrostático

  • Alongamento
  • Flexão
  • Nº de voltas por 15m
  • Dobramento

– Ensaio de Perda de Carga

– Ensaio de Ruptura

– Ensaio de resistência à abrasão

– Ensaio de diâmetro interno

– Ensaio de aderência

– Ensaio do tubo interno

  • Tensão de ruptura
  • Alongamento de ruptura
  • Deformação permanente
  • Variação máxima da tensão de ruptura após envelhecimento acelerado
  • Variação máxima do alongamento de ruptura após envelhecimento acelerado

– Ensaio de envelhecimento do reforço têxtil

– Ensaio de resistência à superfície quente

– Ensaio de envelhecimento acelerado da Mangueira Tipo 5

A forma mais garantida que o consumidor ou usuário final tem para adquirir mangueira que atenda todos aos requisitos estabelecidos na norma é comprar mangueiras comCertificado de Marca de Conformidade ABNT.

O Programa de Certificação ABNT para mangueiras de incêndio estabelece um processo rigoroso de controle dos produtos fabricados, os quais podemos destacar:

– Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade, conforme a ABNT NBR ISO 9001;

– Obrigatoriedade de possuir laboratório próprio para autocontrole de produtos, sendo este avaliado regularmente pela própria ABNT, segundo critérios internacionalmente aceitos;

– Auditorias técnicas trimestrais e

– Coleta no mercado para avaliação do produto

Além de obedecerem aos requisitos anteriormente citados, todos os processos de certificação são submetidos à avaliação da Gerência Técnica da ABNT e do ABNT-CTC-01(Comitê Técnico de certificação).

Esse comitê é formado por vários representantes classistas, com importante representatividade na sociedade tais como o Corpo de Bombeiros, CREA, Universidades e entidades de classe e especialistas. Dessa forma, os processos são analisados de forma técnica e transparente, proporcionando uma maior credibilidade na marca.

Parcerias que estão dando certo

Vários trabalhos estão sendo desenvolvidos para sedimentar a exigência da Marca de Conformidade nos estados.

Alguns estados e suas instituições já determinam, através dos seus códigos de incêndio, a exigência da Marca de Conformidade. Como exemplo, podemos destacar o CORPO DE BOMBEIRO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, CORPO DE BOMBEIRO DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO e o CORPO DE BOMBEIRO DO ESTADO DO CEARÁ.

Exemplo do Rio de Janeiro

No Estado do Rio de Janeiro além da descrição da exigência da Marca de Conformidade ABNT no Código de incêndio e pânico, os laudos de exigência estabelecem a obrigatoriedade do uso de produtos com a marca de conformidade ABNT.

Com isso há uma divisão de responsabilidade legal através do CBMERJ, da ABNT e do Fabricante.

Exigência Legal Decreto 897 – CBMERJ

Cap. XXIV

Art.229 – Todas as instalações, materiais e aparelhagem exigidos somente serão aceitos quando satisfizerem às condições deste Código, às das Normas e da Marca de Conformidade da ABNT.

A Marca de Conformidade ABNT para mangueiras de incêndio garante um equilíbrio no setor, diferenciando o fabricante que segue e respeita as normas do mercado, daquele que as desrespeita. Além de permitir que o consumidor, mesmo não pertencendo à área técnica possa, de maneira confiável e simples, conferir se realmente adquiriu o que necessitava

Autor: Eng. Marcelo Tomaz Valente, membro do ABNT/CTC-01.
Fonte: http://www.abnt.org.br/certificacao/nat/artigos-tecnicos/1467-mangueiras-de-incendio-como-especificar